quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Moura do Castelo de Tavira


Meia-noite além ressoa
Cerca das ribas do mar
Meia-noite é dada
E o povo ainda a folgar.
Em meio de tal folguedo
Todos quedam sem falar
Olhos voltam ao castelo
Para ver, para avistar
A linda moura encantada
Que era triste a suspirar.

-Quem se atreve, ai quem se atreve
Ir ao castelo e trepar
Para vencer o encanto
Que tanto sabe encantar?
-Ninguém há que a tal se atreva
Não há que em mouros fiar
Quem lá fosse a tais desoras
Para só desencantar assim correra
De não mis de lá voltar.

Ai que linda formosura
Quem a pudera salvar!
O alvor dos seus vestidos
Tem mais brilho que o luar
Doces, tão doces suspiros
Onde ouvi-los suspirar…?

Assim um bom cavaleiro
Só se estava a delatar
Em amor lhe ardia o peito
Em deseijos seu olhar.
Três horas eram passadas
Neste continuo anceiar
Cavaleiros de armas brancas
Nunca soube arreceiar
Invoca a linda mourinha
Mas não ouve a D. Raimundo
Mais que a moura conquistar
Vai subir para muro acima
Sente os pés a resvalar
Ai que era passada a hora
De a poder desencantar! …

Já lá vinha a estrela d’ alva
Com seus brilhos a raiar
No mais alto do castelo
Já mal se via alvejar
A fina branca roupagem
Da linda filha de Agar.
Ao romper do claro dia
Para mais bem se pasmar
Sobre o castelo uma nuvem
Era apenas a pairar
Jurava o povo , jurava
E teimava em afirmar
Que dentro daquela nuvem
Vira a donzela entrar.
D. Raimundo d’ enraivado
De não poder-lhe chegar
Dali parte e contra os mouros
Grande briga vai armar,
Por fim ganha um bom castelo Mas … sem moura para amar.

Retirado do livro : Lendas Portuguesas

2 comentários:

Anónimo disse...

nós fizemos isso primeiro salvadores!!!
mas está muito fixe...

Salvadores disse...

mas ´nós fizemos em poema