quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

As asas da lontra Bernardina


Era uma vez uma lontra chamada Bernardina que tinha um sonho. E esse sonho era ter asas. Todos os dias, a lontra Bernardina telefonava às suas amigas a perguntar:
- Será que as lontras têm asas?
E as suas amigas respondiam:
-Não, Bernardina, as lontras não têm asas!
Então a lontra Bernardina ficava decepcionada e triste por não conseguir concretizar o seu sonho.
Um dia resolveu ser cientista. Então, transformou a sua toca num enorme laboratório de alquimia, cheio de tubos de ensaio e outras coisas da ciência. E todas as manhãs, quando acordava, dirigia-se para o seu laboratório e tentava um monte de poções novas. Misturava os ingredientes mas sem conseguir o que queria. Ela já tinha feito uma pomada curadora que curava todas as feridas e até fez uma cola-super3 que colava tudo! Mas, as asas, não conseguia, de forma alguma, tê-las.
Um dia, de manhãzinha, a lontra Bernardina ouviu um barulho estrondoso e foi abrir a porta de cima. Era o Borrelho-de-coleira-Interrompida. Como o Borrelho era gago, demorou algum tempo a perceber que o Borrelho já há alguns dias que andava com dores na pata esquerda e quando foi voar caiu cheio de dores no telhado da toca da lontra Bernardina. A lontra Bernardina pôs a pomada curadora que curou logo a dor da pata esquerda do Borrelho. O Borrelho ficou tão agradecido, que convidou a lontra Bernardina para ir ver o sapal. A lontra Bernardina agradeceu e foi ver o sapal. No final, o Borrelho deu à lontra Bernardina uma morraça e disse que podia ser o ingrediente que lhe faltava.
A lontra Bernardina agradeceu-lhe e foi até ao seu laboratório. Preparou a base para a poção e recitou a frase, «tira que põe, mexe que gira», três vezes seguidas. Bebeu, e de repente ficou toda cor-de-rosa!!!
Ficou desesperada e um pouco mais tarde bateram à porta de cima. A lontra Bernardina não podia abrir a porta naquele estado mas acabou por abri-la. Era a Andorinha-do-Mar-Anã. A andorinha explicou-lhe que havia um rio que corria pelas dunas e ia direitinho ao seu ninho. Por isso ficou muito preocupada com o seu ninho.
A lontra Bernardina foi logo correr para salvar esse tal ninho. Quando chegou lá, o rio estava prestes a levar o ninho da Andorinha e nesse preciso momento a lontra Bernardina apanhou o ninho. Assim, a Andorinha ficou mais descansada e convido a lontra Bernardina a ver aquele pôr-do-sol maravilhoso. A lontra Bernardina aceitou e no fim a Andorinha-do-Mar-Anã deu à lontra Bernardina um estorno e disse-lhe que podia ser o ingrediente que lhe faltava.
A lontra Bernardida agradeceu-lhe e foi até ao seu laboratório. Preparou a base para a poção e recitou a frase «tira que põe, mexe que gira», três vezes seguidas. Bebeu, e ficou com dois bigodes arco-íris!
A lontra Bernardina ficou desesperada e nesse momento alguém bateu à porta de baixo. Mas como é que a lontra Bernardina iria abrir a porta naquele estado? Mas lá foi abri-la e era a Dourada. A Dourada explicou á lontra Bernardina que havia uma corrente de água muito forte que estava a descolar os ovinhos que estavam na maternidade.
A lontra Bernardina vestiu o seu fato-de-banho, os seus óculos de natação, na SuperCola3 e foi salvar os ovinhos que estavam na maternidade. Nadou e colou os ovinhos um a um nas algas.
A Dourada ficou-lhe tão agradecida que convidou a lontra Bernardina para ver os ovinhos. No fim, a Dourada deu-lhe um saco de plâncton, a lontra Bernardina agradeceu-lhe e foi para o seu laboratório. Novamente fez a base da poção e recitou a frase «tira que põe, mexe que gira», três vezes seguidas. Bebeu, e desta vez ficou com bolinhas azuis! Primeiro ficou cor-de-rosa, depois ficou com dois bigodes arco-íris e agora ficou com bolinhas azuis!? Que desgraça.
Mais tarde, bateu à porta o seu namorado Abana-Abana que ficou muito preocupado com a Bernardina e sugeriu-lhe que ela misturasse os três ingredientes numa só poção. Foi o que Bernardina fez, «tira que põe, mexe que gira» e já está. Mexeu tudo muito bem no seu caldeirão mágico e bebeu a nova poção. Finalmente as asas lhe tinham saído! A lontra Bernardina começou a rodopiar, a dançar no ar, felicíssima!
O Abana-Abana também ficou feliz por ver que a sua namorada finalmente tinha realizado o seu sonho. Lembrou-se que ia haver uma festa na baixa-mar por isso sugeriu à lontra Bernardina que tapassem as suas asas numa capa preta e, que, enquanto o Abana-Abana estivesse a cantar, a lontra Bernardina tirasse a capa preta e começasse a dançar no meio do palco. A lontra Bernardina aceitou a proposta e assim foi. A festa tinha sido de arromba e quando a lontra Bernardina tinha mostrado as asas, até os berbigões pensaram que as lontras tinham sempre tido asas!
E ainda como se isto não chegasse, o Mago Zoico que tinha assistido à festa nomeou a lontra Bernardina como naturalista do Reino Ceno! Pois em vez de a lontra Bernardina ir viajar com as suas asas, ficou ali, na sua terra natal, onde poderia ver o sapal, que tinha visto com o borrelho; aquele maravilhoso pôr-do-sol que poderia ver um monte de vezes e aqueles ovinhos tão transparentes com os peixinhos lá dentro. A lontra Bernardina queria passar mais tempo na sua terra natal pois ela era maravilhosa.


Fim

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