Criada a 27 de Março de 1975, segundo o Decreto-Lei n.º 162/75, a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António ocupa uma área de 2090 hectares, correspondente a parte dos concelhos de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Trata-se de uma planície aluvial, sujeita a inundações, limitada a norte e a oeste por uma sucessão de colinas, de charcos, valas e riachos, que é percorrida pelos esteiros sinuosos da Lezíria e da Carrasqueira, troços finais de linhas de água de regime irregular que se originam na margem direita do Guadiana. Ao longo deste último, os sapais e esteiros desta reserva abrigam uma fauna e uma flora variadas.A vila de Castro Marim distanciou-se do mar e o sapal que a rodeia emergiu das águas que, no entanto, são ainda uma presença constante em parte importante da área da Reserva Natural.Os sapais, plataformas situadas ao nível do entremarés, são parte terra e parte água, consoante o recuar ou o avançar das águas do mar. A vegetação do sapal inundado é dominada por espécies vegetais, chamadas halofíticas, altamente resistentes à secura provocada pelo excesso de sais no solo, de entre as quais se destaca a morraça, planta que suporta longos períodos de submersão, podendo-se como tal instalar nas cotas mais baixas, onde se aglomera em manchas escuras, adquirindo um aspecto que a torna pouco atraente.Mas a par da morraça podem-se observar outras espécies, como é o caso do valverde-dos-sapais, da erva-sapaleira, da barrilha, do malmequer-da-praia, do junco-marítimo e da erva-de-orvalho.Para além do sapal inundado existe o sapal dito secundarizado, protegido da invasão das águas por meio de um sistema de diques artificiais e que não é mais do que um antigo sapal recuperado para a agricultura - cultivo de cereais, como o trigo, a cevada e a aveia - e para a pecuária - criação de gado ovino e bovino.À medida que nos afastamos do Guadiana, dos esteiros da Lezíria e da Carrasqueira, e nos aproximamos das zonas que não sofrem uma influência directa das marés, a vegetação vai adquirindo uma fisionomia distinta, fazendo-se a transição de uma forma gradual.Nos campos em torno do sapal pratica-se uma agricultura característica da região, com o predomínio do cereal e da vinha. Nos cabeços envolventes, onde ainda persiste uma ou outra bolsa do matarroal mediterrânico, encontram-se espécies que nos são mais familiares tais como o sobreiro, a azinheira, a alfarrobeira, o pinheiro bravo e o pinheiro manso, a amendoeira, bem como o carrasco, a aroeira, o alecrim, o rosmaninho e vários núcleos de palmeira-das-vassouras.
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